Principal personagem no processo de pacificação pelo qual passou o
Império do Brasil após os conturbados anos das Regências (1831-1840), D. Pedro
II iniciou seu reinado (1840-1889) com o propósito de controlar as convulsões
sociais ocasionadas pelos movimentos federalistas dos anos 1830. Revoltas como
a Farroupilha e a Cabanagem colocaram em perigo a manutenção da unidade
territorial do país, que então deveria ser garantida a partir de diversas ações
governamentais, dentre elas a própria ascensão do jovem monarca.
As primeiras décadas
do Segundo Reinado foram de relativa tranquilidade política. Com exceção das
Revoluções Liberais (1842) e da Revolução Praieira (1848), nenhum outro grande
movimento se opôs à administração de D. Pedro II. Notadamente a partir da
formatação do Ministério da Conciliação em 1853, quando “Conservadores” e “Liberais”
integraram conjuntamente a base do governo, o Império do Brasil passou a gozar
de uma solidez institucional até então não experimentada pela monarquia
brasileira.
MOVIMENTO REPUBLICANO
No entanto, com o avançar dos anos 1860 e o fortalecimento das críticas
feitas ao governo Imperial, muitas das ações tomadas por D. Pedro II passaram a
ser questionadas, sendo cada vez mais discutido se de fato tais atitudes seriam
benéficas ao país. E foi justamente neste contexto que o movimento republicano
ganhou força no Brasil, iniciativa que se opunha não apenas à liderança de D.
Pedro, mas ao próprio sistema monárquico.
Em 1870, grupos
republicanos elaboraram o “Manifesto Republicano”, publicação através da qual
estes setores oficializavam a oposição ao Império brasileiro. Anos depois,
surgiriam diversos partidos advogando tal projeto, como o Partido Republicano
Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM). Estas agremiações
políticas representavam grupos variados que rejeitavam a administração monárquica,
como alguns setores urbanos e determinadas oligarquias agrárias.
IGREJA CATÓLICA
Instituição de grande influência ante a sociedade brasileira da época, a
Igreja Católica igualmente se mostrava insatisfeita com o governo de D. Pedro
II. Um dos principais fatores para tal oposição foi o “Padroado”, que
estabelecido pela Constituição de 1824, determinava que todos os membros do
clero brasileiro seriam oficialmente funcionários do Estado. Portanto,
quaisquer ações dos mesmos necessitariam do “beneplácito” do Imperador, ou
seja, de sua permissão.
O ápice da crise
entre a Igreja e D. Pedro II ocorreu quando o papa Pio IX elaborou a “Bula
Papal Syllabus” (1864), através da qual condenava todo tipo de representação
maçônica. Dois bispos brasileiros, seguindo tal recomendação, determinaram a
expulsão dos membros de suas congregações que fossem maçons. Entretanto, estes
clérigos não tinham o “beneplácito” do imperador permitindo tal perseguição,
fazendo com que suas ações fossem entendidas, portanto, como uma grave
desobediência ao Estado. A consequente prisão dos bispos a mando de D. Pedro II
viria a aprofundar, então, as já evidentes divergências com a Igreja.
GUERRA DO PARAGUAI
Outro aspecto que ampliou a resistência ao governo de D. Pedro II foi a
chamada “Questão Abolicionista”. Acusado pelos grupos escravocratas de
encarecer o valor da mão de obra através de leis como “Eusébio de Queirós” e
“Ventre Livre”, e pelos abolicionistas por não determinar prontamente o fim
desta prática no Brasil, o monarca desagradava os dois grupos interessados na
polêmica questão.
Com a participação de
cativos na Guerra do Paraguai, os debates sobre o fim da escravidão se
intensificaram, tornando ainda mais incômoda a situação do imperador. Este
conflito, aliás, causou outros problemas ao monarca, principalmente com setores
das forças armadas. Interessados em um sistema político que lhes concedesse
maior participação nos destinos do país, diversos militares se colocaram na
defesa dos ideais republicanos. A experiência de lutar ao lado de argentinos e
uruguaios, militares que viviam em repúblicas, fortaleceu ainda mais esse
desejo.
REPÚBLICA
Neste mesmo momento em que a vitória na Guerra do Paraguai concedia aos
militares um lugar mais importante na sociedade brasileira, o contato com os
ideais positivistas projetava a este grupo uma função mais significante na
política brasileira. Os valores difundidos pelo Positivismo de Augusto Comte
advogavam a necessidade de uma “ditadura dos mais capazes” como uma instância
fundamental ao progresso do país. Segundo a ótica dos militares, ninguém seria
mais capaz que as próprias forças armadas para assumir a liderança desse
governo.
Sob tal inspiração e com o apoio de diversos setores poderosos da
sociedade brasileira, um grupo formado por membros da alta hierarquia militar
projetou a deposição do monarca D. Pedro II e a proclamação da República.
Liderados pelo Marechal Deodoro da Fonseca, esses militares extinguiram em 15
de novembro de 1889 a última monarquia existente no continente americano.
Fundando a partir de um golpe arquitetado pelas elites e sem qualquer
participação popular, o novo governo iniciava-se tendo como presidente o
próprio Marechal Deodoro da Fonseca.
Artigo extraído da página
http://educacao.globo.com/historia/assunto/imperio-brasileiro/proclamacao-da-republica.html
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